sábado, 22 de maio de 2010

Cara de um , focinho do outro....


Sempre tem aquelas pessoas que no meio de uma conversa casual solta a frase que você não queria ouvir:
" Nossa! Você parece com uma prima minha!" ( ou vizinha, colega de escola , o que for, alguém que nao temos a menor noção de quem seja). Piora quando viram pra outra pessoa e pedem confirmação " Fulano, ela não parece com a minha prima?" e o fulano encara você por alguns minutos (como se estivesse vendo um fantasma ou a besta do apocalipse) e depois exclama:" Nossa, parece mesmo!" E claro, os dois riem. Por que rir? Será que é por que a "prima" é horrenda e só os dois sabem disto?
Não gosto de ser parecida com desconhecidos... nem gosto de ser parecida. Principalmente porquê depois que os desconhecidos tornaram-se conhecidos fiquei muito decepcionada. Nunca encontrei ninguém (dos que foram comparados a mim)que fosse de longe parecido comigo. Algumas bem mais feias, o que ofende e me faz procurar algum tratamento cosmético imediato. Outras, muito mais lindas, o que também me ofende e me recorre a idéia " tá tirando onda com a minha cara?", essa mulher é muito mais lindo do que eu...
Esta semana numa quitanda aconteceu de novo. O senhorinho que estava no caixa vira pro carregador que embalava minhas frutas e diz: " Ela que eu digo que parece a Perla..." e ri. De imediato pensei na Perla do funk " selinho na boca , lalalalá...", boazuda demais , novinha demais, piriguete demais...tirando os cabelos pretos e lisos ( os meus estavam escovados) nada me comparava a ela.
- A do funk?
Ele nao conhecia a Perla do funk, era um senhor não chegado a batidões.
- Não.... A Perla do Paraguai.
Essa quem nao conhecia era eu. Esperando mais uma decepção, acionei o google ao chegar em casa. De novo os cabelos pretos e lisos. Nao tenho olhos parecidos com os dela, nem boca, nem nariz... nada. Mas quer saber, gostei de ser a Perla paraguaia!

domingo, 16 de maio de 2010

Dentes de Leite...


Ontem minha filha caçula foi ao dentista arrancar dois dentes de leite. Casanda de todas as idas e vindas do consultório dentário nos últimos dez anos, depois de ter presenciado muito choro, feitos muitas promessas de figurinhas e sorvetes, deixei essa incumbencia para meu marido.

Os dois seguiram apreensivos: Ela, por não saber como o pai iria reagiar aos seus protestos e choros na cadeira da dentista, ele, por saber exatamente como a filha reagiria.

Horas depois, eles chegam. Ela tomando sorvete, ele com cara de quem chegou de uma batalha.Ela sorri e percebo que os dois dentes se foram. Respiro aliviada.

- Mãe, aqui meus dois últimos dentes de leite.

Ela estende os dentinhos guardados numa caixinha. Senti um aperto no peito, só então percebi que eram os últimos dentes de leite. Eu não teria mais que enfrentar os choros e as birras no consultório dentário, me senti angustiada. Não fiquei angustiada por falta dos choros, mas senti saudade do tempo que está passando. A noite os pensamentos não permitiram meu sono. Levanto da cama e vou olhar minhas filhas dormindo. A mais velha quase uma moça. Choro e me recrimino por chorar, não posso chorar apenas por minhas filhas estarem crescendo lindas e saudáveis... me sinto egoísta.
Coloco duas notas debaixo do travesseiro da caçula. Foi a última vez que fui a fada do dente...